quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Hatha Yôga


Hatha é um termo sânscrito que significa violência, força, rapina ou esforço. Hatha Yôga é portanto o método de busca pelo autoconhecimento através do esforço violento. Em muitos lugares se encontra o erro de que a palavra hatha seja proveniente da junção do termos HA (sol) com THA (lua), mas isso não está certo. Súrya é o termo sânscrito para sol e chandra é que significa lua.
Cuidado para não dizer hata (ráta)! Em sânscrito a letra H é sempre pronunciada como uma aspiração. Sem o THA (aspirado), hata significa estupro, assassinato, uma mulher estuprada. Também possui o sentido de: destruído, acabado, miserável, atormentado, castigado, surrado, golpeado, ferido, aflito, sem esperança. Aposto que você vai se esforçar para pronunciar direitinho a partir de agora, não é?


O Hatha Yôga foi codificado num livro de mesmo nome por volta do século XI d.C. pelo Mestre Gôraksha-Natha. Ele foi discípulo do famoso Mestre Matsyêndra-Natha, criador da escola Kaula do tantrismo cinzento. Obviamente um discípulo de Mestre tântrico não criaria um método de Yôga não-tântrico, logo concluímos que o Hatha era de orientação comportamental Shakta (matriarcal).
Visivelmente inspirado na estrutura do Yôga Clássico, esse sistema moderno originalmente era composto de yamas (as 5 proibições ou proscrições éticas), niyamas (as 5 prescrições éticas), ásana (posições e procedimentos feitos com o corpo) e pránáyáma (técnicas respiratórias).
O termo Hatha (violência) faz referência ao fato de que este método era originalmente um sistema extremamente vigoroso. Como que uma via que busca alcançar seus resultados (o despertamento da kundaliní) tal como num arrombamento (dos granthis). A utilização de técnicas, tais como o maha vêdha, comprovam isso.
Hatha também faz alusão ao fato de que os Hatha-yôgins foram violentamente perseguidos, seus livros destruidos, seus praticantes torturados. Eles eram de tradição matriarcal durante um período de vigência patriarcal na Índia. A história mostra que os brahmacháryas (seguidores do sistema patriarcal) sempre perseguiram ou difamaram os tántricos (seguidores da filosofia matriarcal).
Depois de ter sido praticamente dizimada, a escola Kaulacharatántrika-Vêdánta ressurge com a obra Hatha Yôga Pradípika, escrita de memória por um dos discípulos de Gôraksha-Natha 50 anos após as perseguições sofridas. Nessa obra, o Hatha já está descaracterizado de suas raízes pois o autor inclui mudrás, bandhas e kriyás como técnicas do acerto.
No Ocidente, o Hatha foi cristianizado e toda sua estrutura iniciática praticamente se perdeu. Até mesmo na Índia atual é difícil encontrá-lo. O Hatha verdadeiro tem que ser de linhagem Tantra-Vêdánta. Deve ensinar yamas, niyamas, ásanas e pránáyámas. Mudrás, bandhas e kriyás podem ser incluídos em menor proporção. Deve ser um método forte, intenso, enérgico.
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