terça-feira, 23 de agosto de 2011

O Mestre e a fogueira

Em uma tradicional Escola de filosofia indiana havia um Mestre muito sábio. Tanto que seus discípulos eram muitos e enormemente engajados. Um deles se destacava pelo brilhantismo, talento individual, alinhamento com o Mestre e realizações. Era o satchêla, o discípulo verdadeiro. Aquele que mais contribuía para a obra e o bom nome de seu Mestre.

Num determinado momento, e não sabemos ao certo o motivo, aquele discípulo que era um exemplo a todos os demais, começou a se afastar do Mestre. Deixou de comparecer às aulas e já não se correspondia com os demais. Após um tempo, o Preceptor começou a sentir cada vez mais a falta de seu melhor aprendiz e foi visitá-lo.

Ao abrir a porta de sua casa, o discípulo levou um choque ao receber o velho sábio. Ele ensaiou se desculpar pela ausência mas o Professor não o deixou falar. Este pediu-lhe que acendesse uma fogueira e ambos se sentaram para contemplar o fogo. Depois de alguns minutos, sem dizer sequer uma palavra, o Mestre se levantou e escolheu uma das brasas da fogueira, da qual partiam as mais altas chamas e a qual gerava mais calor e luz.

Ele retirou tal brasa e a afastou da fogueira, colocando próxima dos pés de seu satchêla. Ela que antes brilhava intensamente, agora começara a apagar. Primeiro, deixou de soltar chamas. Em seguida, já não liberava mais calor. Por último, estava se tornando um pedaço escuro e fumegante de madeira. Mas o velho não deixou que ela se extinguisse por completo. Tomou o toco minguante e colocou-o de volta no fogo.

Assim que tocou o calor do fogo, aquela porção de madeira voltou a virar brasas, soltar chamas, brilhar e emitir calor. Até mais do que antes de ter sido retirada da fogueira. Assim que fez isso, o Mestre se levantou e ia se retirando, dirigindo-se à saída, mas o discípulo o abraçou e agradeceu o ensinamento, prometendo voltar às aulas no dia seguinte, para nunca mais se separar.

Apesar do silêncio que tomou todo o encontro, a lição havia sido transmitida.



Texto baseado em uma parábola, transmitida a nós pelo ensinamento do Mestre Edgardo Caramella, Presidente da Federação do Método DeRose da Argentina, em ocasião da reunião de instrutores e diretores de Escolas do Método DeRose no Festival de São Paulo, 2011.
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